terça-feira, 30 de outubro de 2007

:: Fora de ordem

De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.

O cérebro humano é algo realmente intrigante. Queria conseguir entendê-lo melhor.

domingo, 28 de outubro de 2007

:: Céu



De que vale a vida
quando tudo parece nada valer?
Pra que servem sonhos
se a realidade faz questão de doer?
Passado, presente, futuro:
nunca tive, não tenho nem vou ter.
Em meio aos devaneios
o sol cega meus olhos e me faz lacrimejar.
Levo as mãos ao rosto,
olho pra cima e sinto um sorriso brotar.
Vidas não valem, sonhos não servem,
mas o céu ainda está lá.

Faber Paganoto


Escrevi isso aí no dia 15 de abril de 2004 e publiquei no meu fotolog (na época eu dizia que jamais teria um blog). Hoje, tentando organizar meus arquivos, encontrei várias coisas escritas há tempos. E é interessante tentar lembrar o que se passava na minha cabeça quando escrevi cada uma daquelas coisas.

Foto: o céu de Serra Queimada, registrado por mim, naquele mesmo ano.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

:: O tempo

E então ele torna a voltar-se contra mim.

Antes eram os meses que, velozes, mal chegavam e já se iam. O oitavo deles, há que se dizer, é exceção à regra. Mas como bem disse, é exceção e, portanto, não deve ser considerado.

Agora são os dias que, valendo-se de uma estratégia arrojada de alteração das horas-padrão para melhor aproveitamento da luminosidade do verão, fazem-nos crer que continuam tendo vinte e quatro horas de duração. Não continuam!

Todos seguimos com nossas vidas sem nos dar conta do golpe que ele nos impõe todos os anos, e neste, em especial. As reclamações são dissipadas a cada fim de semana, quando os cinemas, teatros, restaurantes e parques aliviam o estresse da semana que passou. O pão e o circo mais uma vez nos aliena.

sábado, 20 de outubro de 2007

:: Outra pessoa

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.

Alberto Caeiro

Se eu fosse o Fernando Pessoa e tivesse a capacidade de escrever fingindo ser outra pessoa, e se acontecesse de essa outra pessoa ser o Alberto Caeiro, eu entraria em crise por admirar demais esta outra pessoa em mim e finalmente desejaria deixar de ser Pessoa para sê-la.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

:: The girl from ipanema

O filme é bom. Alpha Dog é baseado na história real de um traficante de drogas de 20 anos que se vê numa situação complicada ao seqüestrar o irmão de um devedor como forma de pressão para que ele quitasse sua dívida. A trama se desenvolve no meio-oeste dos Estados Unidos até que, em determinado momento da narrativa, somos informados de que o traficante havia fugido, atravessando a fronteira com o México.

Cena final: o traficante passeia pelas ruas de Assunción, no Paraguai e surgem na tela legendas informando que em um determinado dia de 2005 ele foi capturado pelo FBI. E a música que se ouve neste trecho do filme é 'The girl from Ipanema', numa voz feminina.

Não consigo mais aceitar a idéia de que os estadunidenses são fracos em geografia e por isso acham que Buenos Aires é a capital do Brasil ou que a praia de Ipanema fica em Assunción. Aliás, o Paraguai nem tem litoral. Então resolvi procurar alguma coisa na Internet que me fizesse entender a referência musical.

E então encontrei algo, no mínimo, interessante. Descobri que o filme é, na verdade, uma história real com nomes e locações trocadas para evitar infringir direitos de imagem. O traficante do filme é, na realidade, Jesse James Hollywood. E a prisão foi efetuada em Saquarema, no Rio de Janeiro.

Será que isso explica a trilha sonora?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

:: Entender o tempo

Eu desisti de tentar entender o efeito do tempo sobre nossas vidas.

Li recentemente algo que me fez refletir sobre como a idéia de tempo, apesar de abstrata, nos controla e nos permite controlar. O tempo é contínuo, mas desde que criou-se o fenômeno do 'ano', temos a sensação de que o tempo se renova, de que ele passa em ciclos que se repetem, e é a partir desses ciclos que planejamos toda a nossa vida. "Ano que vem vai ser diferente", dizemos. E por que haveria de ser? O que diferencia o ano que vem do ano passado?

Mas o que eu queria mesmo dizer é que esta semana começou na terça, mas foi como se fosse segunda. E então era para eu estar me sentindo como numa segunda: descansado. Mas estou me sentindo como numa sexta. Exausto. E o pior de tudo é que amanhã, que é quarta, mas é como se fosse terça, vai ser um dia de cão. E eu não poderei dizer que me sentirei como se fosse um sábado porque aos sábados não me sinto mal.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

:: Exílio

Algumas vezes - e isso é quase sempre bem rápido - tenho vontade de exilar alguns dos meus pensamentos. Mas tenho medo de que eles voltem, ao final de um período de repressão mais dura. E ao retornarem do exílio estes pensamentos podem estar mais fortes. E então podem persuadir os demais pensamentos e deflagrar uma revolução.

domingo, 7 de outubro de 2007

:: Fotografar com os olhos

Há pouco tempo escrevi sobre as cores das árvores na estrada rumo à Euclidelândia. Aquela viagem foi o prenúncio de um espetáculo diário ao qual eu estava prestes a ser submetido.

Tenho me perguntado se esta primavera está mais colorida do que jamais esteve ou se são meus olhos que estão mais sensíveis às suas cores do que jamais estiveram.

Desde os lugares mais óbvios, como o Aterro do Flamengo, aos mais áridos, como a Avenida Brasil, lá estão eles: flamboyants, bouganvilles e ipês; lá estão eles: brancos, roxos, vermelhos e amarelos; lá estão as cores e as imagens que me fariam parar para admirá-las não estivessem em vias expressas, lugares de passagem.

Ao menos me resta a memória, o disco rígido onde guardo todas as imagens que fotografo com os olhos durante os dias que passam depressa, como os carros nas vias de não-parar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

:: Trechos selecionados

Comecei não gostando. A narrativa é fragmentada. Sob a forma de tópicos, o autor apresenta algumas informações importantes - outras nem tanto - para o desenvolvimento da trama. Mas recorre excessivamente a esta estratégia. Cansa. Mas a história - nunca soube se a palavra estória deixou de existir de fato ou apenas caiu em desuso - encanta aos poucos e prende os olhos às páginas. E alguns trechos são assustadoramente belos e sutis. Selecionei alguns da minha leitura de hoje, a caminho da escola.

Sobre a morte:
"Eu não carrego gadanha nem foice. Só uso um manto preto com capuz quando faz frio. E não tenho aquelas feições de caveira que vocês parecem gostar de me atribuir à distância. Quer saber minha verdadeira aparência? Eu ajudo. Procure um espelho enquanto eu continuo."

Sobre a câmara de gás:
"Quando seus corpos acabavam de vasculhar a porta em busca de frestas, as almas subiam."
"Os alemães (protegendo-se dos bombardeios aéreos) nos porões eram dignos de pena, sem dúvida, mas ao menos tinham uma chance. Aquele porão não era um banheiro. Eles não tinham sido mandados para lá para tomar banho. Para essas pessoas, a vida ainda era alcançável."

Sobre as belezas que não costumamos perceber:
"Fazia vinte e dois meses que ele não via o mundo lá fora. Não houve raiva nem censuras. Foi o pai quem falou: 'E o que (o céu) lhe pareceu?'. Max levantou a cabeça, com enorme tristeza e enorme assombro. 'Havia estrelas, disse. Elas queimaram meus olhos'.

Para situar. 'A Menina que Roubava Livros' é a história de uma menina que perdeu os pais comunistas e viveu os anos da II Guerra Mundial com uma família de Munique que escondia um judeu em seu porão, em plena Alemanha nazista.