segunda-feira, 2 de maio de 2011

:: Dois pesos, duas medidas

Iraquianos comemorando a morte do Bush seriam primitivos, cruéis e "tipicamente muçulmanos". Assim seriam retratados. Americanos festejando a morte do Bin Laden são cidadãos orgulhosos da bem sucedida saga do bem contra o mal. Uma data cívica. Lágrimas e bandeiras. Não consigo naturalizar isso.



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Barbárie em 3 tempos. Nazistas na Alemanha orgulhosos do regime; Anti-ocidentais em algum lugar do Orente Médio festejando o 11/09; Defensores da moral, da liberdade e da democracia, celebrando a morte de Bin Laden nos Estados Unidos. Inspirado descaradamente no @rafucko.



























quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

:: Acampamento

Aí que eu tive que entregar o apartamento onde eu morava - onde eu morava porque aonde só se usa acompanhando verbo de movimento (aprendi depois de velho com minha amiga professora de português). Mas a obra na minha casa ainda está longe de terminar. A previsão é a primeira semana de março, o que tecnicamente nem é tão longe, mas eu trabalho mentalmente com a ideia de longe para poder evitar frustrações diante de atrasos e para permitir que o pedreiro me surpreenda positivamente.

Sem apartamento e sem casa, meu destino era a rua. Mentira porque eu até recebi propostas de abrigo por parte de amigos. Mas aí eu vim acampar na casa da minha mãe. Ganhei uma porta de armário e a Marina ganhou outra. Meu irmão foi deslocado para a sala porque ele tem cama de casal no quarto e arrumar uma cama de solteiro na sala é mais prático. Isso faria dele mais acampado do que eu e Marina não fosse pelo fato de que ele tem quatro portas de armário e continua tendo acesso a todos os seus objetos pessoais - os meus estão encaixotados e as caixas estão empilhadas em um dos dois únicos cômodos que ficaram prontos na minha casa (junto a elas, estão meus móveis, desmontados e embalados em lona para evitar que uma crosta de poeira se acumule ao longo das próximas semanas).

Pois bem, até o fim das obras sou morador do Flamengo, novamente vizinho da Suzana e vou trabalhar duas vezes por semana de bicicleta. Aceito convites para ir a praia nas manhãs de segunda e terça e para beber uma cervejinha nas tardes de sexta. Pode ser cinema também. Se as aulas de pandeiro forem retomadas, vou e volto caminhando da casa da Marianna, o que me parece saudável e contribui com meu projeto de perder os seis quilos conquistados durante as férias (não me critiquem porque o saldo ainda é bom: mantenho 4 quilos abaixo do meu peso de agosto passado).

domingo, 23 de janeiro de 2011

:: malte, lúpulo e cevada.

Foram dois encontros iniciados as 20h e encerrados por volta da 1h da manhã. Pilseners, Bocks, Pale Ales, Porters, Stouts, Weiss, Kolschs, Trappistas, Blondes... Em cada encontro pelo menos dez rótulos. Por segurança levei meu endereço anotado num papelzinho dentro do bolso. E como troféu, carreguei a garrafa da Tripel Karmelier pra casa.

:: prestação

domingo, 16 de janeiro de 2011

:: Nudez

Olha, eu tô longe de ser uma pessoa plenamente bem resolvida com meu corpo. Quando criança, tinha vergonha de ficar pelado na frente de qualquer um que não fosse minha mãe ou meu pai, ainda que eles não tivessem qualquer pudor em relação a nudez. Na adolescência, o corpo em transformação ampliou o pudor. Aos quinze anos, enquanto meus amigos já exibiam sovacos cabeludos e eu continuava com aquela bunda de neném debaixo dos braços, ir à praia exigia preparação psicológica para pensar que tava tudo bem, deixa isso pra lá e curte a praia com seus amigos. Atualmente rio disso tudo mas era uma coisa horrorosa. Ser adolescente é uma coisa horrorosa, aliás. Tantos padrões aonde se encaixar, tantas pessoas para não decepcionar, tantas regras pra descumprir...

Mas eu tava dizendo que eu tive problemas com o nu. Hoje encaro de forma diferente e ainda que não saia andando pelado por aí - acho que mais por medo de ser preso por atentado ao pudor do que por qualquer outro motivo - penso que nosso corpo é lindo qualquer que seja sua forma ou cor e que os padrões aos quais os adolescentes (não só eles, mas principalmente eles) tentam se adequar são apenas prisões maquiavelicamente construídas em suas mentes pela propaganda, sempre ela.

Tudo isso pra dizer que me incomodam certas reações diante do nu. Ontem fui assistir ao musical Hair, no Casagrande. Hair fala de repressão e de liberdade, de prisões e rebeliões, de rasgar normas de conduta, de assumir-se como se é, de identificar-se em qualquer um porque de algum modo todos somos iguais. Um dos personagens centrais vive um dilema muito comum: seguir seus instintos e viver a vida como ele realmente deseja ou vestir o uniforme do bom filho, conseguir um bom emprego, formar família e servir a pátria? O primeiro ato termina com uma cena na qual este personagem é desafiado por seus amigos, todos hippies, a despir-se de seus medos e a enfrentar a vida destemidamente. E então, à meia luz, todos em cena ficam nus. Todos, menos ele. A luz apaga. Intervalo de quinze minutos.

Eu esperava ouvir comentários empolgados sobre a bela montagem do musical, sobre o profissionalismo da produção, sobre a encantadora voz do tal personagem, sobre os bailarinos, a orquestra, o cenário, o enredo, a atualidade da história passada em 1968. Mas eu ouvi que a cena da nudez era desnecessária, sem propósito. Olhei atônito pra minha mulher e quase propus ficarmos nus ali, em sinal de protesto. Mas preferi permanecer vestido e escrever no blog por temer que não houvesse wireless na cadeia.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

:: A Sombra do Vento

Tem esse livro, A Sombra do Vento, que eu comecei a ler em janeiro de 2010, parei de ler por algum motivo do qual já não me lembro e decidi retomar a leitura desde que ganhei, no Natal, o segundo livro do mesmo autor editado no Brasil pela Suma de Letras. Mais sobre o livro, olha aqui.

E aí que um personagem secundário na história tem tiradas incríveis. No início da história ele é um mendigo fedorento largado numa praça de Barcelona mas ganha espaço na narrativa ao começar a trabalhar na livraria do pai do personagem principal da trama. Descobre-se, mais tarde, que ele é perseguido por um chefe de polícia envolvido em torturas de inimigos políticos do regime franquista. Talvez ele seja um bandido, talvez ele não seja apenas um personagem secundário, enfim, eu ainda não terminei o livro. Mas fico torcendo pra surgir outro diálogo envolvendo o Fermín.

Numa passagem, após um personagem homossexual ter sido preso e sofrido abusos terríveis na cadeia, uma mulher comenta que existem muitas pessoas malvadas no mundo. Fermín manda essa:

- Malvadas não. Imbecis, o que não é a mesma coisa. O mal pressupõe uma determinação moral, uma certa inteligência. O imbecil é um selvagem que não para pra raciocinar, agindo por instinto convencido de que está fazendo o bem, de que sempre tem razão e orgulhoso de sair fodendo tudo aquilo que lhe parece diferente dele próprio, seja em relação à cor, credo, idioma, nacionalidade ou pelos hábitos que as pessoas tem nos momentos de ócio. O que faz falta no mundo é mais gente ruim de verdade e menos espertalhões limítrofes. E não me venham com deus porque a indústria do missal é parte do problema e não da solução.

Em outra passagem, sobre o serviço militar obrigatório, atesta:

- O serviço militar só serve para se descobrir a porcentagem de homens violentos na população. E isso se descobre nas duas primeiras semanas, não é preciso um ano. Exército, casamento, igreja e banco: os quatro cavaleiros do Apocalipse.

Tem mais coisa que esqueci de marcar e não estou com paciência de buscar no livro, até porque deve vir mais coisa por aí.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

:: Férias

E então começaram as obras e elas vão consumir todas as minhas férias (estranho falar das minhas férias como se elas fossem várias quando elas são apenas uma tudo por causa de uma questão linguística que determina que férias seja um substantivo plural).

Não que eu esteja diretamente envolvido na execução das obras, mas orçar materiais, escolher ponto de instalação de tomadas, escolher cor de piso, azulejo e tinta, decidir sobre a posição da geladeira e tantas outras coisinhas do tipo faz com que minhas férias girem em torno da obra. Fora o fato de que eu tenho, por sugestões de diversos amigos que estiveram envolvidos com obras recentemente, que marcar presença na obra, dar uma fiscalizada - ainda que eu não entenda porra nenhuma de hidráulica e não saiba se massa acrílica e massa corrida são a mesma coisa.

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Ontem fui ao Samba do Trabalhador no Clube Renascença e Moacyr Luz estava inspirado. A roda foi genial e no finalzinho caiu uma chuva de leve pra coroar a noite. As doses de glicose foram na Dominos.

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Logo mais começa meu curso de degustação de cerveja no Her Brauer. Quando eu recuperar meus sentidos eu escrevo sobre a experiência do primeiro dia.

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Preciso de sugestões e de companhia para programas diurnos para as minhas férias. Eu tô de bobeira mas a patroa aqui não, então é razoável estar com ela no fim de um dia de trabalho.

Ainda que eu precise eventualmente dar aquela fiscalizada nas obras, quero ir a praia, ver uns filmes (cinema e dvd), assistir a algumas exposições (soube de uma de Cora Coralina), conhecer algum novo restaurante, passear por algum parque, subir o Pico da Tijuca, ler na Reserva do Grajaú...

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