quarta-feira, 30 de junho de 2010

:: O leitor

Houve um tempo em que eu achei que conseguiria manter esse blog em atividade escrevendo apenas coisas significativas sobre o aparentemente não-significativo. Houve um tempo em que isso parecia realmente possível. Escrevi sobre as cores que quebram o cinza da cidade, sobre o tempo, sobre o tempo novamente e mais uma vez sobre o tempo, sobre a influência do olhar dos outros sobre nossa concepção de nós mesmos, sobre palavrões, sobre medos, sobre o uso de risca de giz em acessórios nada clássicos - e sobre o estranhamento que isso pode causar, sobre angústias, sobre mim, sobre ninguém, sobre um monte de coisa e sobre coisa alguma.

Aí me dei conta de que não era tão possível assim. Primeiro porque eu não tenho um olhar tão analítico sobre o cotidiano como eu um dia supus ter. Muitos detalhes belíssimos me têm sido apontados pelos outros, nao por meus olhos. Depois porque eu não sou nada disciplinado para me obrigar a escrever sempre. E escrever é certamente o tipo de coisa que quanto mais se faz, melhor se faz. Tá, nem sempre. E eu não tenho conseguido escrever nem quando sou obrigado por agentes externos. Quando depende de agentes internos, aí babou.

Eu leio o blog de algumas pessoas, algumas queridíssimas, outras apenas conhecidas do mundo virtual, que escrevem de forma gostosa e clara sobre questões leves e questões duras, sobre coisas básicas e sobre coisas polêmicas. E aí eu fico pensando que, puxa vida, viva a diversidade, porque se todo mundo escrevesse bem como essas pessoas talvez ninguém desse o devido valor ao que elas escrevem. E aí bate aquela vontade de escrever também e aí eu abro o blog e não vem nada. Porque não é pra ser assim, né? Então, ao invés de ficar melancólico por isso, decidi ficar orgulhoso do talento dos outros. Babando diante de seus textos. Enquanto isso, sigo dando minhas aulas que é o que acho que faço melhor. E ninguém me segura na batucada! (sinto falta do 'ponto de ironização').

domingo, 6 de junho de 2010

:: O poder da imagem

Cena 1:

A pessoa tem um imóvel e pretende vendê-lo. Alguém sugere que ela fotografe os ambientes e utilize o serviço de vendas online de uma imobiliária de confiança.

Cena 2:
A pessoa anuncia o imóvel e pubica estas imagens:




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O gosto individual é um dos maiores mistérios da humanidade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

:: Vai Planeta! e Caipirinhas

Outro dia, numa dessas manhãs em casa em função de feriados futebolísticos (que já começam a deixar saudade), liguei a TV num canal de desenhos e assisti ao Capitão Planeta. Se você nasceu depois de 1990 e está lendo isso aqui, provavelmente não sabe do que estou falando. Mas o Capitão Planeta era um dos meus desenhos animados preferidos.
Não pude deixar de me espantar com a qualidade da animação. Com a baixa qualidade, quero dizer. Poucos movimentos, cores mortas. Não era essa a minha percepção na época, obviamente, e isso me intrigou bastante. É impressionante como a evolução das técnicas de animação faz com que fiquemos monstruosamente exigentes.
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Eu continuo não escrevendo aqui sobre minhas experiências com o CouchSurfing. Vacilo meu. Mas preciso registrar algo que me surpreendeu demais e positivamente.
Em março hospedei aqui em casa a Nhat Ann, vietnamita adotada aos 8 anos por um casal francês, sua amiga Lilah, francesa e seu namorado Vük, bósnio. Elas foram estudar arquitetura na Califórnia, onde conheceram Vük , com quem resolveram fazer uma viagem ao Brasil. Ficaram aqui por uns três dias apenas, mas eu estava de férias e pude fazer muita coisa junto deles. Numa das noites aqui em casa, resolvi fazer caipirinhas e, como sempre acontecia, tive que improvisar alguma estratégia para socar os limões, já que só me dava conta de que não tinha acessórios adequados para a preparação de drinks quando decidia prepará-los.
Fazem umas duas semanas que recebi uma caixa pelo correio. Selo americano. Endereço da Califórnia. Dentro, um copo grande de vidro, um socador de madeira, dois acessórios para medir bebidas em aço inox e um misturador. Tinha uma carta também, onde o Vük agradecia a hospitalidade e dizia que queria contribuir para que mais couchsurfers experimentassem minha caipirinha. Achei o máximo.