quinta-feira, 29 de novembro de 2007

:: Se

Se eu tivesse ido direto para casa talvez agora ainda teria oitenta reais na carteira e colocaria o meu celular ainda não pago para despertar amanhã às 6h30.

Será?

Uma das coisas mais intrigantes da vida é essa imprevisibilidade.

Existe roteiro? Já está tudo escrito? Estamos atuando, sendo dirigidos por diretores invisíveis? Um passo à esquerda implicará em alguma mudança futura se o passo tivesse que ser dado à direita? O bolo solado de hoje teria solado se há três semanas eu não tivesse assistido àquele filme?

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

:: Virando o jogo

É maravilhoso reencontrar pessoas queridas. Melhor ainda quando o último encontro, há vários meses, parece ter sido ontem de tardinha. E aí não tem aquela história de 'o que você tem feito' ou de 'tem visto o pessoal'. O papo flui naturalmente, uma continuação da última conversa, interrompida 'ontem de tardinha'. Os minutos voam e no fim das contas o tempo se mistura de tal forma que ninguém saberia dizer se estamos no passado do presente ou no futuro do passado. É como transformássemos passado e futuro em eternos presentes, o presente de então, o presente de agora e o presente do vir a ser. É uma sensação boa essa de enganar o tempo, virar o jogo, já que é ele quem costuma nos enganar.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

:: Trilhas

A palavra rotina perde um pouco o sentido quando trata-se da minha rotina. Ao longo dos cinco dias úteis da semana frequënto quatro diferentes ambientes de trabalho. Agora em novembro são cinco. Entre um lugar e outro, convivo com, chutando baixo, 400 pessoas diferentes, com humores diferentes a cada dia. Ao fim de um dia de trabalho ouvi dúzias de histórias, dei dezenas de conselhos, recebi outros tantos, ensinei, aprendi, ri de algumas situações, de outras não. Ao fim de cada ano a "rotina" muda completamente: novos horários, novos locais de trabalho, novos rostos, novas histórias. Isso é delicioso. É ótimo não cansar das situações. Mas é uma pena que algumas delas não possam ser revividas. Ou pelo menos não com as mesmas pessoas, nos mesmos espaços.
As pessoas passam e deixam trilhas, caminhos abertos. Torço para que, através destas trilhas, eu possa alcançá-las algumas vezes ao longo da minha vida. Torço para que, através destas trilhas, elas possam me alcançar algumas vezes ao longo de suas vidas.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

:: Sobre a inacababilidade do ser

A questão é a diferença entre o tornar-se e o ser. Será que somos ou tornamo-nos? O que somos só o sabemos através da forma como afetamos os outros. Afinal, o mundo ideal (?) em que nossa essência nos basta, porque nós nos bastamos, não existe. Vivemos todo o tempo em contato com os outros. Não precisamos ser por eles modelados, embora o sejamos (quase) sempre, mas somos neles refletidos. E é esse reflexo que nos apresenta nós a nós mesmos. Ou será que esse eu aqui dentro, esse eu que só eu conheço, sempre esteve aqui? Será que esse eu que só eu conheço não foi construído um pouquinho a cada dia a partir das reações que eu provoquei nos outros e que, refletido nos outros, se me apresentou a mim? Será que nasci pronto, com essência e tudo? Será que sempre fui? Se assim for, já estou feito, finalizado, acabado. De nada valerá o contato com o outro. Se assim for, basto-me. Basto-me?

terça-feira, 6 de novembro de 2007

:: Os outros

Eu, por mim mesmo, não me conheço em minha totalidade. Sou parte do mundo porque me enxergo nos outros. Assim como não há o belo sem o feio, não há o eu sem o outro. Reconheço minha essência pelo seu reflexo nos outros. Ninguém vive para si, mas para os outros. E através dos outros. Não sou o que pensam de mim, mas sou porque pensam em mim. "O inferno são os outros", disse Sartre.

sábado, 3 de novembro de 2007

:: Somos o que pensam de nós (?)

Mais cedo ou mais tarde acabamos nos tornando aquela pessoa que os outros pensam que somos. Era mais ou menos isso que dizia a personagem principal de 'Memória de Minhas Putas Tristes', do Gabriel Garcia Marquez, que li este fim de semana. Fiquei pensando sobre a frase e não cheguei ainda a uma conclusão definitiva, se é que existem conclusões definitivas (acho genial o modo como o Roberto Lobato termina seus textos: 'para não concluir'). Seja como for, é bom que pensem coisas legais de mim porque não quero me tornar uma pessoa com a qual eu não gostaria de me relacionar.