Eu não quero virar referência negativa dentro da família e ser aquele que desiludiu as criancinhas dizendo que o Papai Noel não existe. Também não quero que as criancinhas olhem torto pro meu filho na pracinha porque ele não acredita no Papai Noel. Mas a verdade é que se o Natal é (ou tornou-se) uma data capitalista, então acho que eu devo me aproveitar de um dos fundamentos do sistema: a lei da oferta e procura.
Nos três primeiros anos talvez não seja um problema: os presentes de natal vão chegar em casa lá pelo dia 27 de dezembro e o bacuri não vai fazer idéia de que tem alguma coisa errada. Nos anos seguintes vou precisar ter uma conversa séria. Vou precisar falar pra ele sobre algumas verdades deste mundo.
Filho, escuta o que o papai vai te falar: a gente vive num planeta muito grande. Tem mais de 7 bilhões de pessoas espalhadas por aí, sendo umas 3 bilhões de criancinhas (quando eu tiver esta conversa estes números serão verdadeiros, tá?). Para dar presentes para toda essa gente, o Papai Noel precisa entender muito bem de logística. Mas mesmo utilizando os meios de transportes mais avançados, como renas-supersônicas, ele não consegue fazer tudo isso numa noite. Já conseguiu até, mas isso foi lá pelo século XVIII, quando existia um Papai Noel para cada região do mundo e muito menos criancinhas. Hoje em dia o Papai Noel do Polo Norte monopolizou o mercado global e acabou tendo problemas para atender toda a demanda. Aí ele resolveu o problema de uma forma bem simples. Sabe essas pessoas que o papai está te falando? Então... elas vivem em países com diferentes graus de integração ao sistema econômico mundial. Aí o Papai Noel criou uma hierarquia: criancinhas que moram em países centrais, como Estados Unidos e Noruega, recebem os presentes de Natal na noite do dia 24. Grécia e Portugal, da periferia da Europa, tem suas criancinhas presenteadas quando os primeiros raios de sol do dia 25 aparecem por trás das montanhas. Aí o Papai Noel gasta o dia 26 todo com as criancinhas chinesas, porque a China está se tornando uma potência mundial cada vez mais forte. Talvez Papai Noel nem priorizasse a China, por causa dos comunistas, mas eles tem uma bomba nuclear, e aí ele achou melhor não criar problemas. Dia 27 é a nossa vez: Brasil, Índia, África do Sul e todos os demais líderes regionais das áreas menos desenvolvidas do planeta. As criancinhas da Bolívia ganham presentes apenas no dia 2 de janeiro. E as da Namíbia recebem no início ou no fim de fevereiro, variando de acordo com a data do carnaval, já que o Papai Noel costuma curtir o carnaval em Nova Orleans. Eu sei que alguns dos seus amiguinhos ganham presentes de natal na madrugada do dia 25, mas é que os pais deles molham a mão dos duendes responsáveis pelo almoxarifado do Papai Noel e o seu papai é totalmente contra essas práticas corruptas, tá?
Tudo isso pra quê? Ora bolas, não está claro? Dia 26, passado o natal, é aquele dia que os vendedores estão putos da vida porque todo mundo entra na loja pra trocar presente. Além disso, já começaram as queimas de estoque. Aí eu entro na loja e surpreendo o vendedor dizendo que não, não vim trocar nada não, eu vim comprar um presente. Pronto. Estou no controle. Barganho um desconto sobre o desconto da liquidação e o presente de natal sai pelo preço da xepa da feira. E viva o Natal!
ps. Com a Páscoa dá pra fazer o mesmo, porque coitado do coelhinho que tem que distribuir ovos de chocolate mundo afora, né? A merda é conseguir desculpa pra aproveitar a liquidação depois do Dia das Crianças...
Nos três primeiros anos talvez não seja um problema: os presentes de natal vão chegar em casa lá pelo dia 27 de dezembro e o bacuri não vai fazer idéia de que tem alguma coisa errada. Nos anos seguintes vou precisar ter uma conversa séria. Vou precisar falar pra ele sobre algumas verdades deste mundo.
Filho, escuta o que o papai vai te falar: a gente vive num planeta muito grande. Tem mais de 7 bilhões de pessoas espalhadas por aí, sendo umas 3 bilhões de criancinhas (quando eu tiver esta conversa estes números serão verdadeiros, tá?). Para dar presentes para toda essa gente, o Papai Noel precisa entender muito bem de logística. Mas mesmo utilizando os meios de transportes mais avançados, como renas-supersônicas, ele não consegue fazer tudo isso numa noite. Já conseguiu até, mas isso foi lá pelo século XVIII, quando existia um Papai Noel para cada região do mundo e muito menos criancinhas. Hoje em dia o Papai Noel do Polo Norte monopolizou o mercado global e acabou tendo problemas para atender toda a demanda. Aí ele resolveu o problema de uma forma bem simples. Sabe essas pessoas que o papai está te falando? Então... elas vivem em países com diferentes graus de integração ao sistema econômico mundial. Aí o Papai Noel criou uma hierarquia: criancinhas que moram em países centrais, como Estados Unidos e Noruega, recebem os presentes de Natal na noite do dia 24. Grécia e Portugal, da periferia da Europa, tem suas criancinhas presenteadas quando os primeiros raios de sol do dia 25 aparecem por trás das montanhas. Aí o Papai Noel gasta o dia 26 todo com as criancinhas chinesas, porque a China está se tornando uma potência mundial cada vez mais forte. Talvez Papai Noel nem priorizasse a China, por causa dos comunistas, mas eles tem uma bomba nuclear, e aí ele achou melhor não criar problemas. Dia 27 é a nossa vez: Brasil, Índia, África do Sul e todos os demais líderes regionais das áreas menos desenvolvidas do planeta. As criancinhas da Bolívia ganham presentes apenas no dia 2 de janeiro. E as da Namíbia recebem no início ou no fim de fevereiro, variando de acordo com a data do carnaval, já que o Papai Noel costuma curtir o carnaval em Nova Orleans. Eu sei que alguns dos seus amiguinhos ganham presentes de natal na madrugada do dia 25, mas é que os pais deles molham a mão dos duendes responsáveis pelo almoxarifado do Papai Noel e o seu papai é totalmente contra essas práticas corruptas, tá?
Tudo isso pra quê? Ora bolas, não está claro? Dia 26, passado o natal, é aquele dia que os vendedores estão putos da vida porque todo mundo entra na loja pra trocar presente. Além disso, já começaram as queimas de estoque. Aí eu entro na loja e surpreendo o vendedor dizendo que não, não vim trocar nada não, eu vim comprar um presente. Pronto. Estou no controle. Barganho um desconto sobre o desconto da liquidação e o presente de natal sai pelo preço da xepa da feira. E viva o Natal!
ps. Com a Páscoa dá pra fazer o mesmo, porque coitado do coelhinho que tem que distribuir ovos de chocolate mundo afora, né? A merda é conseguir desculpa pra aproveitar a liquidação depois do Dia das Crianças...