terça-feira, 29 de abril de 2008

:: Aproveitando a deixa

Eu admiro os apresentadores de programas ao vivo no rádio e na televisão. Os do rádio, especialmente. E acho genial quando um apresentador aproveita a deixa de um outro, improvisando um comentário ou introduzindo a próxima notícia ou atração. Hoje pela manhã, indo para o trabalho, fui presenteado com esta seqüência:

Apresentador 1: O Irã elegeu mais um inimigo. O vilão agora é uma famosa boneca: a Barbie. Para evitar influências negativas à juventude do país, o Irã, que é o terceiro maior importador de brinquedos do mundo, decidiu restringir a entrada da boneca no país.

Apresentador 2: E pelo visto não é só o Irã que está tendo dor de cabeça com as bonecas. Ontem à noite, o jogador Ronaldo foi a um motel com três travestis! Um deles, Andréa Albertini, depôs contra o jogador, alegando que Ronaldo não quis pagar pelo programa.

Precisa comentar?

domingo, 27 de abril de 2008

Italian Design

Ganhamos dois convites para assistir 'O Processo', em cartaz desde a última sexta, na Maison de France. Mas não é sobre a peça que quero falar.

Eu já conhecia o teatro mas naquela ocasião o painel com informações e setas no centro do salão na entrada do prédio não havia despertado minha atenção. Nele não há sequer uma palavra em português. Teatro, Café, Banheiros, Departamentos e todas as demais palavras dão lugar, nele, às suas respectivas traduções para o francês. Estávamos na Maison de France, é verdade. Mas a Maison de France está no centro do Rio de Janeiro, que, por sua vez, localiza-se no Brasil, onde, desde que aprendi a falar, fala-se português. Acho que cabiam, lá no painel, traduções para o português, em letrinhas menores, abaixo de cada informação.

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E aí, no 'toilette', localizado no 'deuxième étage', o secador de mãos elétrico ostentava, em letras garrafais 'ITALIAN DESIGN', assim mesmo, em inglês. Vai entender...

sábado, 26 de abril de 2008

:: Manhã

A noite foi abafada, mas ao amanhecer, uma brisa quase gelada me despertou.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

:: Imprópria para banho

Outro dia, pelo rádio, a repórter informava a balneabilidade das praias do Rio de Janeiro.

Opa, que beleza - pensei - amanhã deve dar praia, é bom estar por dentro!

Ela começou:
'Ramos: imprópria para banho'.


Comecei a rir. Está certo, informação é informação, mas peralá, será que o óbvio também precisa ser informado?

terça-feira, 22 de abril de 2008

:: Da Brodway ao Castelão

No último sábado meu irmão e eu 'encontramos' a Juliana Paes. Mas não estávamos juntos.

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Era necessário buscar os ingressos até às 14h de Sábado. Lá estávamos nós, às 13h, numa fila de dimensões aceitáveis, não fosse a lentidão do atendimento. Depois de ouvir alguns indivíduos revoltadíssimos com a inexistência de um guichê exclusivo para a retirada de ingressos previamente pagos ("Isso é um absurdo!", "Estou indignado", "Ora vejam só que falta de respeito"... e eu pensando "Tanta coisa mais merecedora de nossa indignação e esse pessoal dando piti por causa de guichê...") finalmente retiramos nossos ingressos. Olá, Olá, Os ingressos por favor, Identidade e senha, Pronto, Bom espetáculo, Obrigado. Almoço no Intihuasi, o peruano do Flamengo. Delicioso. Caro também, mas neste feriado eu fui um turista na cidade. Turistas pagam caro. Um cochilo e não demorou muito para o relógio indicar a hora de ir ao Vivo Rio. Me acompanhe por favor, pois não, essa é a sua mesa, obrigado. Algo parecia estranho. A mesa reservada não tinha aquela posição. O número estava correto, mas no mapa de mesas consultado na Internet ela estava em outro lugar. Falo, não falo, o lugar não é ruim, falo, não falo, chama o garçom, falo, não falo, uma cerveja, um espumante com licor de cassis e um iced tea, por favor. Ficamos por lá. Três campainhas e a cortina se abre.

'Os Produtores' é um espetáculo e tanto. Das 21h30 à 1h da manhã, dezenas de cenários belíssimos, centenas de figurinos, quase 40 atores em cena, adaptação de texto impecável, humor na medida certa, atuações fabulosas, a Broadway no Aterro. E lá no palco, com um papel que não lhe garantiria foto no pôster de divulgação do espetáculo não fosse por sua fama, Juliana Paes.

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Domingo, 9h. Carro pronto para pegar a estrada. Enquanto guardava sua mala, meu irmão comenta: 'Você não vai acreditar... Ontem à noite eu vi a Juliana Paes'. 'Ué, você também foi assistir a'Os Produtores?' 'Do que você está falando? Eu vi a Juliana no camarote vip do Castelo das Pedras, às 3h da manhã'.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

:: Lixo Espacial

Saiu esta semana nos jornais: a Agência Espacial Européia registrou imagens do lixo espacial que orbita o planeta. É impressionante. Como forma de protesto, amanhã vou levar a Pantufa pra passear e não vou recolher seus dejetos fétidos.

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Me ocorreu que muita gente vai achar que um satélite 'tirou essa foto'. É assim com aquela outra das luzes do planeta à noite: muita gente acha que é fotografia. Aí eu pergunto: como pode ser noite em todo o planeta ao mesmo tempo? Pois é, não dá. Então não é fotografia, mas uma imagem gerada em computador a partir de imagens registradas pelos satélites. Aliás, satélite não tira foto, tá? Satélite imageia a superfície, como um scanner, pedacinho por pedacinho, em momentos diferentes. Depois junta tudo. E é tudo P&B. Depois alguém dá vida no computador: floresta fica verdinha, deserto, amarelinho. Ou você achava que só as celebridades precisavam de Photoshop?

terça-feira, 15 de abril de 2008

:: Branco

Hoje a chuva foi insistente e meu all star era branco.
Com ênfase no 'era'.

domingo, 13 de abril de 2008

:: O Dom da Premonição

Como a Antonia comentou no post anterior, existe uma grande chance de estarmos diante de algo muito mais escandaloso que o ranking do ENEM: roubo de propriedade intelectual.

Hoje, lendo a Revista de Domingo d'O Globo, vi o novo comercial da Hortifruti: Jambo IV. Outro dia, nos outdoors, lá estava A Hortaliça Rebelde. Roubo ou premonição?

Se você acompanha este blog há algum tempo, a esta altura já captou a mensagem. Mas se precisa de maiores esclarecimentos, leia o post de 30 de Janeiro de 2008.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

:: Conspiração

Tem muito mais coisas mas eu vou falar só a mais intrigante delas.

Acompanha o raciocínio. Primeiro você abre um curso pré-vestibular e cobra uma mensalidade exorbitante. Em seguida começa a oferecer bolsas integrais para a terceira série do Ensino Médio a alguns poucos alunos que se destacaram na segunda série dos colégios de ponta da cidade. Com esta estratégia, logo você começa a ganhar os louros, pois consquistou os primeiros lugares nas principais universidades. E então seu curso passa a ser reconhecido como um curso de excelência em função dos excelentes resultados alcançados por seus alunos. E aí a base da sua captação de novos alunos será, obviamente, uma série de comerciais em jornais e até na televisão, nos quais você dará destaque aos seus primeiros, segundos e terceiros lugares, nesta e naquela universidade.

Tá acompanhando? Vamos adiante.

Aí um dia você fica sabendo que seus alunos foram muito, mas muito mal no ENEM. É claro que isso vai repecurtir negativamente para a imagem de seu curso. E é aí que você tem a grande idéia! E se o nome do seu curso não aparecesse no ranking que a mídia vai liberar? E se, de alguma forma, você conseguisse tirar o nome do seu curso da lista? Vai custar caro, mas você tem dinheiro. O que você faz então? Você paga para não aparecer mal na história.

Ok. É isso. Se alguém acha que é teoria da conspiração, me diz por que o PH não aparece em nenhuma colocação no ranking liberado pelo jornal O Globo no domingo passado? Aliás, me explica por que o PH não aparece nem na lista divulgada no site do INEP? Será que nenhum dos alunos matriculados em uma das tantas unidades do curso realizou o ENEM em 2007? Será?

Aí eu pergunto: confio ou não confio neste ranking? O que vocês acham?

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Sexta-feira, 11 de abril de 2008.

Rascunho, o nome desse blog, é uma referência à inacababilidade das coisas. Assim como nós, as idéias não são acabadas. Estão sempre sendo construídas e transformadas.

Hoje, conversando com outros professores sobre esta situação do ENEM, constatamos que outras grandes escolas da cidade, como Pentágono e CEL, também não estão no ranking. E então começamos a achar que existe algum mecanismo de inscrição em que o aluno omite o nome de sua escola, orientado por ela, obviamente. Ainda acho estranho que todos os alunos tenham acatado esta decisão, mas tornou-se mais provável que minha hipótese seja exagerada.

terça-feira, 8 de abril de 2008

:: Tuvalu

Sempre falo de Tuvalu nas minhas aulas sobre migração internacional. Pra quem não conhece, Tuvalu é um arquipélago localizado no Pacífico, próximo às ilhas Fiji, Vanuatu e às Ilhas Salomão. Se você ainda está perdido, procura num atlas.

Falo de Tuvalu nessas aulas porque o país (sim, Tuvalu é um país) pode protagonizar nos próximos anos uma situação, no mínimo, intrigante. O ponto de maior altitude no arquipélago tem insignificantes 5 metros acima do nível do mar. Assim, a elevação do nível médio dos oceanos atinge de forma dramática os ilhéus. Em algum tempo o país pode simplesmente desaparecer do mapa. Seus 20 mil habitantes (sim, Tuvalu é um país de 20 mil habitantes) buscarão asilo em algum outro país, mas estará posta uma situação diplomática delicada: o que será do Estado de Tuvalu? Quem vai ceder território para a construção de uma nova Tuvalu?

Pois bem. Resolvi buscar mais informações sobre Tuvalu. Primeiro sobrevoei o arquipélago a bordo do Google Earth (qualquer dia preciso escrever sobre o Google Earth!). O arquipélago é formado por nove atóis, o que significa que o território do país é constituído por nove anéis estreitos não-contínuos. Isso faz com que a distribuição das atividades e o uso do espaço sejam bastante peculiares. O aeroporto (vide imagem acima), por exemplo, é cruzado por ruas por onde transitam livremente carros e outros veículos sem asas e turbinas.

Procurei fazendas, indústrias, centros comerciais, resorts...não encontrei nada além de uma dúzia de pequenas propriedades produtoras de côcos, alguns aglomerados urbanos e um hotel. Fiquei tentando descobrir de que vive o país. Viva a Internet! Descobri - e fiquei pasmo - que a principal fonte de renda do país provém da venda do domínio .tv para emissoras de televisão de todo o mundo. Deu pra entender? Se a Globo, por exemplo, ao invés de ter como site o globo.com quisesse ter um site globo.tv teria que pagar à Tuvalu pelo registro do domínio. A Globo não quis, mas muitas emissoras quiseram. E pagam. E Tuvalu vai levando a vida, às custas do mundo virtual. E do côco, cuja exportação representa a segunda maior fonte de renda do país.

Tuvalu é mesmo surpreendente. Se alguém for praquelas bandas, me chama?

domingo, 6 de abril de 2008

:: Versões

E aí um dia você se dá conta de que toda a verdade é construída.

A situação é a seguinte: nos últimos dias os jornais impressos e televisionados têm repetido uma mesma ladainha mal contada. É claro que quem não está por dentro da coisa acha que tudo está muito esclarecido. Mas não está. E isso me assusta porque eu sei que esta ladainha está sendo contada de forma parcial, superficial e simplista. Mas e todas as outras ladainhas contadas de forma parcial, superficial e simplista? Será que estando por fora delas acho que tudo está esclarecido, mesmo não estando? Eu quero acreditar no contrário, quero acreditar que faço uma leitura crítica das informações. Mas será que é possível fazer a tal leitura crítica todo o tempo? Sei não, hein...

Vou pensar se dou nomes aos bois. Por enquanto deixo aqui apenas esta inquietação genérica.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

:: Sobre paladar

Acho muito pouco convincente essa história de que a gente pode acostumar o paladar. Sabe do que eu estou falando, né? Aquele povo que entende de vinho e faz cara feia pra quem só bebe vinho suave. "Muda pro démi-sec, aos poucos você acostuma o paladar e depois passa a beber os vinhos secos, de melhor qualidade"... Ora bolas, se eles são de melhor qualidade por que eu preciso 'acostumar' o paladar? A gente se acostuma com coisa ruim. A gente se acostuma a acordar cedo, a levar o lixo pra fora, a calibrar os pneus, a desligar o rádio às 19h, ao trânsito na volta pra casa. Mas ninguém 'se acostuma' a comer chocolate, ao banho de mar no verão ou a uma sessão de cinema seguida de chopp com os amigos. Tá, o 'acostumar' em questão pode ser entendido como 'treinar', mas ainda assim a gente treina pra ser melhor em algo que não é. A gente treina pra correr mais rápido e pra acertar o dardo no círculo vermelho. Mas eu posso treinar malabares, me tornar um exímio malabarista de sinal e continuar não gostando de malabares. Por que então se eu insistir em beber vinhos de que não gosto vou, um dia, me tornar um grande apreciador de vinhos antes não-apreciados? Concorda que tem algo a mais nessa história? Eu mesmo não suportava a idéia de frequentar um restaurante japonês. Sentia o cheiro do sashimi e tinha que pensar em algo agradável para não vomitar. Mas isso foi há uns 7 anos. Atualmente sugiro rodízio japonês como programa de fim de semana, desço dois pontos antes de casa pra comprar um temaki de salmão com shitake e peço um sashimi de 20 peças no japa do Pão de Açúcar pra levar pra casa e comer no jantar. E não me recordo de ter mantido uma rotina de treinamento do paladar. Será que ele se desenvolveu ou simplesmente mudou? E aí eu continuo cheio de dúvidas: como pôde o paladar mudar se as papilas gustativas que eu tenho aqui na língua continuam as mesmas de antes? Aquele cara, o Freud, será que explica?

terça-feira, 1 de abril de 2008

:: "Deixa de ser boba, mãe"

Crianças têm tiradas geniais. Olha só essa que eu presenciei hoje:

Restaurante movimentado, ao meio dia, no Largo do Machado. Na mesa ao meu lado uma mãe almoça com seu filho de, aparentemente, oito anos de idade. Entre uma garfada e outra ele disparou "Mãe, quero trabalhar aqui". "Não, meu filho, aqui não". "Mas eu gostei daqui mãe, deve ser legal trabalhar aqui". "Não senhor, você precisa estudar muito para fazer alguma coisa que dê dinheiro. Garçon ganha pouco, cozinheiro também". "Deixa de ser boba, mãe. Eu quero ser o dono do restaurante".