Sempre falo de Tuvalu nas minhas aulas sobre migração internacional. Pra quem não conhece, Tuvalu é um arquipélago localizado no Pacífico, próximo às ilhas Fiji, Vanuatu e às Ilhas Salomão. Se você ainda está perdido, procura num atlas.
Falo de Tuvalu nessas aulas porque o país (sim, Tuvalu é um país) pode protagonizar nos próximos anos uma situação, no mínimo, intrigante. O ponto de maior altitude no arquipélago tem insignificantes 5 metros acima do nível do mar. Assim, a elevação do nível médio dos oceanos atinge de forma dramática os ilhéus. Em algum tempo o país pode simplesmente desaparecer do mapa. Seus 20 mil habitantes (sim, Tuvalu é um país de 20 mil habitantes) buscarão asilo em algum outro país, mas estará posta uma situação diplomática delicada: o que será do Estado de Tuvalu? Quem vai ceder território para a construção de uma nova Tuvalu?
Pois bem. Resolvi buscar mais informações sobre Tuvalu. Primeiro sobrevoei o arquipélago a bordo do Google Earth (qualquer dia preciso escrever sobre o Google Earth!). O arquipélago é formado por nove atóis, o que significa que o território do país é constituído por nove anéis estreitos não-contínuos. Isso faz com que a distribuição das atividades e o uso do espaço sejam bastante peculiares. O aeroporto (vide imagem acima), por exemplo, é cruzado por ruas por onde transitam livremente carros e outros veículos sem asas e turbinas.
Procurei fazendas, indústrias, centros comerciais, resorts...não encontrei nada além de uma dúzia de pequenas propriedades produtoras de côcos, alguns aglomerados urbanos e um hotel. Fiquei tentando descobrir de que vive o país. Viva a Internet! Descobri - e fiquei pasmo - que a principal fonte de renda do país provém da venda do domínio .tv para emissoras de televisão de todo o mundo. Deu pra entender? Se a Globo, por exemplo, ao invés de ter como site o globo.com quisesse ter um site globo.tv teria que pagar à Tuvalu pelo registro do domínio. A Globo não quis, mas muitas emissoras quiseram. E pagam. E Tuvalu vai levando a vida, às custas do mundo virtual. E do côco, cuja exportação representa a segunda maior fonte de renda do país.
Tuvalu é mesmo surpreendente. Se alguém for praquelas bandas, me chama?
8 comentários:
Façamos assim: 3a-feira Z.E., 4a Tuvalu, pode ser?
Nossa! Adorei saber de Tuvalo, e deve ser bonita né? Ou seja, melhor ir logo antes que acabe! O hotel deve ser caro, preciso conhecer algum nativo que me dê hospedagem! ai ai, quantos problemas, quantos questionamentos...
me conte do google earth...
Que MSN que nada. Google Talk? Não! Bate papo é nos comentários dos blogs...ótimo isso.
Se o seu programa é que é o caro, pq eu me fo...? O meu é baratin, ainda arrumo filipeta.
e como essa renda é distribuida entre a populaçao, existe uma grande empresa desse dominio .tv que emprega mão de obra?
o dominio .tv é de propriedade publica ou privada?
fiquei curioso com fonte de renda deles...rs
Sr. Anônimo,
O registro .tv é de propriedade do governo, que fica responsável pela concessão de domínios finalizados pelo registro .tv, mediante pagamentos anuais de valores estabelecidos pelo governo. No Brasil, para ter um registro .br paga-se cerca de R$50,00 anuais. Acredito que por lá a taxa seja mais cara.
E como este dinheiro é distribuído? Bem, aí eu fico com a mesma inquietação. Penso que muito provavelmente quase toda a população ilhéu seja constituída de funcionários públicos, o que explicaria muita coisa.
Começa a trabalhar numa agência de turismo! Eu super iria pra Tuvalu agora...
Além do que a Globo caiu mais no meu conceito por ter sido tão muquirana de não comprar um domínio .tv.
Faber, vc tb tem anônimos! Eles são ótimos.
sou outra pessoa agora, depois que descobri Tuvalu
obrigado pela explicação prof. Faber.
sempre com otimos assuntos que nos fazem pensar aqui no blog.
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