sexta-feira, 26 de setembro de 2008

:: Coisas que aprendi

Hoje foi um dia de grande aprendizagem.

Aprendi que ter estilo é usar mochila listrada, é comer salada e beber prosecco, é usar cachecol, desde que seu tênis esteja de acordo com o visual. Aprendi que você é o que você calça.

Aprendi o valor de saber diferenciar a caracterização e a descaracterização de uma obra. Aprendi que pessoas estranhas são estranhas de modo diferente à luz do olhar de cada um. Aprendi que a crase é um fenômeno e por isso não será descartada.

Aprendi que gera incômodo vulgarizar o que alguém julgava digno de poucos. Que estampas em risca de giz fora do contexto dos ternos executivos inibem e constrangem.

Aprendi que não guardo ódio dos motociclistas embora pense guardar e que isso provavelmente deriva do fato de que um dia quis ser da categoria. Aprendi isso porque não é possível que alguém seja filho da puta se o 'filho da puta' sai da garganta difuso em meio ao pudor, ainda que o pudor esteja apenas nos ouvidos de quem ouve.

Aprendi, inclusive, que há muito mais de mim nestas linhas do que jamais poderia supôr.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

:: Alívio

Deu vontade de esbofetear. Me controlei, sensato que sou. Me dá muita raiva quando uns poucos gatos pingados detonam um projeto coletivo. Isso é até corriqueiro, talvez eu devesse me acostumar. Outro dia mesmo o André escreveu sobre aquele texto da Marina Colassanti. Andei pensando sobre o assunto. Não quero me acostumar. Às vezes é bom, é verdade, mas eu não quero. Não dessa vez. Não nesse caso. E aí eu quase estourei, o sangue subiu à cabeça, saiu fumacinha, eu posso jurar. Em geral resta a porrada moral. Aquela que nem sempre dói do jeito que a gente gostaria que doesse porque o esbofeteado-moral não consegue alcançar a sutileza na porrada. Mas pelo menos internamente sinto-me aliviado. Imagine só, nivelar-se por baixo. Terrível. O mínimo necessário como regra, a lei do menor esforço. Deprimente. Rastejar para sempre é o destino dos que assim pensam.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

:: Cárie cerebral

Existe uma relação direta entre problemas dentários e futilidade?

Não?

Então por que todos os dentistas do mundo acham que seus pacientes estão realmente interessados em saber que a Juliana Baroni tirou férias em Honolulu ou que o aniversário da Sasha foi comemorado em grande estilo? Tanta coisa mais interessante e 'Caras' é tudo o que se encontra em salas de espera de consultórios odontológicos. Até 'Veja' seria melhor. Até 'Veja'!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

:: Uma não-resposta e um dilema

Aí eu estava participando de um seminário sobre migrações intra-metropolitanas. Um dos trabalhos apresentados na mesa redonda daquela tarde me interessava muito. A autora, estudiosa da Região Metropolitana do Rio de Janeiro há três décadas, certamente traria questões e reflexões importantes para o meu projeto de doutoramento.

20 minutos de apresentação e eu já tinha quase quatro páginas de anotações rabiscadas freneticamente no bloco oferecido pela organização do evento. Aí uma filha da puta levantou aquela plaquinha dos cinco minutos. Ninguém respeita essas plaquinhas, né? Mas a Luciana resolveu que tinha que respeitar e cinco minutos depois ela finalizava sua apresentação. "Há muito mais coisa a ser dita, mas é bom que se respeite o tempo". Não! Não respeite o tempo. Fale mais, Luciana! Não vê que tenho um projeto de doutoramento a construir?

Não havia o que fazer. Restava agora esperar a debatedora abrir para as questões da platéia. Mão na cabeça e assim que a debatedora falar 'valendo' eu aperto o botão e disparo a campainha!

Se fosse um game show eu perderia, mas era uma mesa redonda e eu garanti a segunda pergunta da primeira rodada de três inscrições. Me apresentei, fiz uma piadinha, tirei umas risadinhas tímidas do pessoal, falei bonito, ela até levantou uma sobrancelha e fez cara de 'hummmm'. Minha intenção era confirmar uma hipótese e sondar se já havia dados sobre uma questão que tem me feito pensar bastante. Três décadas de estudos sobre a RMRJ. Ela saberia. Saberia se sim ou saberia se não.

Vieram as respostas e eu fiquei sem a minha. Pensei em reforçar a pergunta, fazer sinal para ver se ela se dava conta de que tinha esquecido de me responder. Fiquei com vergonha. "Ih, olha lá, ela esqueceu dele". Se eu não falar nada, vai ver ninguém repara.

Fui embora pensando sobre a minha não-resposta. Convenci-me de que, na verdade, foi um silêncio consciente. Ou ela não sabia o que responder ou resolveu roubar minha hipótese para debruçar-se sobre ela e publicar algum artigo. Seja o que for, aquela não-resposta me deu mais motivação para aprofundar a temática do que qualquer resposta poderia ter dado.

----------------------------

Meu dilema tem sido 'viver um momento especial e arriscar perder motivação para seguir com um projeto desgastante mas importante ou aproveitar a motivação para seguir com um projeto desgastante mas importante e arriscar me arrepender para sempre de não ter vivido aquele momento especial'. Odeio dilemas.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

:: Opção?

As últimas pesquisas eleitorais no Rio me deixaram bastante assustado. Parece que muita gente que pensava em votar na Jandira tem mudado para o Paes mobilizados pela lógica do voto útil contra Crivella. Mas será que o Paes é uma opção?

No vídeo abaixo, Eduardo Paes dá um exemplo do que viria (virá?) a ser o seu choque de ordem.

http://www.youtube.com/watch?v=DXY7DRa2PXA

Três vivas às milícias! [ironic mode on]