Aí eu estava lendo o jornal hoje pela manhã e dizia assim, no caderno sobre empregos e negócios: "Cresce investimento em treinamento de pessoal. Capacitação é a ferramenta mais usada para enfrentar concorrentes". E então fiquei pensando que os lugares que tenho frequentado não estão seguindo as tendências.
Outro dia foi numa loja de brinquedos. Eu nem queria comprar aquele boneco de pelúcia do Homer Simpson, mas não resisti e pedi para dar uma olhadinha. Só tinha o da vitrine e lá foi a vendedora atrás dele. "Ele fala de verdade", dizia a embalagem. Apertei a barriga e nada. O nariz também não funcionou. "É na mão" - disse a vendedora - "mas nem adianta apertar que não dá pra entender nada do que ele fala!". Se eu realmente pretendesse levá-lo, ela teria conseguido me fazer mudar de idéia. E isso porque ela ganha comissão, hein!
Ontem, no Beluga, o garçom demonstrou ser Ph.D. em simpatia. Eu comentava com os amigos que dividiam a mesa comigo sobre como são caros esses moedores de pimenta do reino de madeira. "É papo de sessenta reais", eu disse. Foi a brecha que ele precisava para participar do assunto: "E aí o pessoal compra aqueles de vinte reais que não duram uma semana". Na hora de pagar a conta, seguindo a filosofia do "sentou, sorriu, dividiu", pedimos a máquina do Visa, onde cada um digitou sua senha para transferir cerca de 30 reais de suas respectivas contas bancárias para a conta bancária do estabelecimento. Juntamos todos os papeizinhos e entregamos ao garçom, agradecemos e começamos a nos levantar. Fomos interrompidos por algo do tipo: "Quem fez essa conta aí, hein? Será que posso confiar?".
Mas a noite ainda não tinha chegado ao fim. Ficou faltando uma sobremesa e o quiosque do sorvete Itália já estava fechado. Se a gente corresse dava pra garantir uma casquinha no Mc Donald´s. O relógio marcava 22h55. A loja fecharia as 23h. No balcão a atendente sorri e pergunta pelo meu pedido. "A esta hora vocês ainda fazem tortinhas de banana?". "Fazemos sim, mas vai levar uns oito minutos, o senhor aguarda?". "Claro. Uma tortinha então, e um sundae de chocolate". "Sai uma torta banana!". Foi aí que nosso diálogo, até então tão comportado e cordial, foi interrompido pela sutileza da fulana lá na cozinha: "Porra, tu tá oferecendo torta a essa hora, cacete?!".
A matéria no jornal dizia que a maioria dos atendentes ainda não está preparada para lidar com clientes. Ô.
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Update: acabo de me lembrar de um episódio marcante. Durante um rodízio japonês no restaurante Ipiatti, em Botafogo, pedi alguns harumakis de banana com açúcar e canela. Ao morder o primeiro deles descobri que repolho e cenoura não combinam com açúcar e canela. Ao chamar o garçom e relatar o 'pequeno engano' tive que ouvir a pérola: "Puxa, isso sempre acontece. Sabe como é, né? Os rolinhos estão lá, todos iguaizinhos, e aí na hora de passar no açúcar o pessoal da cozinha acaba se enganando". Anotei na agenda e nunca mais voltei lá. Não quero correr novos riscos.
Outro dia foi numa loja de brinquedos. Eu nem queria comprar aquele boneco de pelúcia do Homer Simpson, mas não resisti e pedi para dar uma olhadinha. Só tinha o da vitrine e lá foi a vendedora atrás dele. "Ele fala de verdade", dizia a embalagem. Apertei a barriga e nada. O nariz também não funcionou. "É na mão" - disse a vendedora - "mas nem adianta apertar que não dá pra entender nada do que ele fala!". Se eu realmente pretendesse levá-lo, ela teria conseguido me fazer mudar de idéia. E isso porque ela ganha comissão, hein!
Ontem, no Beluga, o garçom demonstrou ser Ph.D. em simpatia. Eu comentava com os amigos que dividiam a mesa comigo sobre como são caros esses moedores de pimenta do reino de madeira. "É papo de sessenta reais", eu disse. Foi a brecha que ele precisava para participar do assunto: "E aí o pessoal compra aqueles de vinte reais que não duram uma semana". Na hora de pagar a conta, seguindo a filosofia do "sentou, sorriu, dividiu", pedimos a máquina do Visa, onde cada um digitou sua senha para transferir cerca de 30 reais de suas respectivas contas bancárias para a conta bancária do estabelecimento. Juntamos todos os papeizinhos e entregamos ao garçom, agradecemos e começamos a nos levantar. Fomos interrompidos por algo do tipo: "Quem fez essa conta aí, hein? Será que posso confiar?".
Mas a noite ainda não tinha chegado ao fim. Ficou faltando uma sobremesa e o quiosque do sorvete Itália já estava fechado. Se a gente corresse dava pra garantir uma casquinha no Mc Donald´s. O relógio marcava 22h55. A loja fecharia as 23h. No balcão a atendente sorri e pergunta pelo meu pedido. "A esta hora vocês ainda fazem tortinhas de banana?". "Fazemos sim, mas vai levar uns oito minutos, o senhor aguarda?". "Claro. Uma tortinha então, e um sundae de chocolate". "Sai uma torta banana!". Foi aí que nosso diálogo, até então tão comportado e cordial, foi interrompido pela sutileza da fulana lá na cozinha: "Porra, tu tá oferecendo torta a essa hora, cacete?!".
A matéria no jornal dizia que a maioria dos atendentes ainda não está preparada para lidar com clientes. Ô.
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Update: acabo de me lembrar de um episódio marcante. Durante um rodízio japonês no restaurante Ipiatti, em Botafogo, pedi alguns harumakis de banana com açúcar e canela. Ao morder o primeiro deles descobri que repolho e cenoura não combinam com açúcar e canela. Ao chamar o garçom e relatar o 'pequeno engano' tive que ouvir a pérola: "Puxa, isso sempre acontece. Sabe como é, né? Os rolinhos estão lá, todos iguaizinhos, e aí na hora de passar no açúcar o pessoal da cozinha acaba se enganando". Anotei na agenda e nunca mais voltei lá. Não quero correr novos riscos.