domingo, 31 de agosto de 2008

:: O cliente tem sempre razão

Aí eu estava lendo o jornal hoje pela manhã e dizia assim, no caderno sobre empregos e negócios: "Cresce investimento em treinamento de pessoal. Capacitação é a ferramenta mais usada para enfrentar concorrentes". E então fiquei pensando que os lugares que tenho frequentado não estão seguindo as tendências.

Outro dia foi numa loja de brinquedos. Eu nem queria comprar aquele boneco de pelúcia do Homer Simpson, mas não resisti e pedi para dar uma olhadinha. Só tinha o da vitrine e lá foi a vendedora atrás dele. "Ele fala de verdade", dizia a embalagem. Apertei a barriga e nada. O nariz também não funcionou. "É na mão" - disse a vendedora - "mas nem adianta apertar que não dá pra entender nada do que ele fala!". Se eu realmente pretendesse levá-lo, ela teria conseguido me fazer mudar de idéia. E isso porque ela ganha comissão, hein!

Ontem, no Beluga, o garçom demonstrou ser Ph.D. em simpatia. Eu comentava com os amigos que dividiam a mesa comigo sobre como são caros esses moedores de pimenta do reino de madeira. "É papo de sessenta reais", eu disse. Foi a brecha que ele precisava para participar do assunto: "E aí o pessoal compra aqueles de vinte reais que não duram uma semana". Na hora de pagar a conta, seguindo a filosofia do "sentou, sorriu, dividiu", pedimos a máquina do Visa, onde cada um digitou sua senha para transferir cerca de 30 reais de suas respectivas contas bancárias para a conta bancária do estabelecimento. Juntamos todos os papeizinhos e entregamos ao garçom, agradecemos e começamos a nos levantar. Fomos interrompidos por algo do tipo: "Quem fez essa conta aí, hein? Será que posso confiar?".

Mas a noite ainda não tinha chegado ao fim. Ficou faltando uma sobremesa e o quiosque do sorvete Itália já estava fechado. Se a gente corresse dava pra garantir uma casquinha no Mc Donald´s. O relógio marcava 22h55. A loja fecharia as 23h. No balcão a atendente sorri e pergunta pelo meu pedido. "A esta hora vocês ainda fazem tortinhas de banana?". "Fazemos sim, mas vai levar uns oito minutos, o senhor aguarda?". "Claro. Uma tortinha então, e um sundae de chocolate". "Sai uma torta banana!". Foi aí que nosso diálogo, até então tão comportado e cordial, foi interrompido pela sutileza da fulana lá na cozinha: "Porra, tu tá oferecendo torta a essa hora, cacete?!".

A matéria no jornal dizia que a maioria dos atendentes ainda não está preparada para lidar com clientes. Ô.

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Update: acabo de me lembrar de um episódio marcante. Durante um rodízio japonês no restaurante Ipiatti, em Botafogo, pedi alguns harumakis de banana com açúcar e canela. Ao morder o primeiro deles descobri que repolho e cenoura não combinam com açúcar e canela. Ao chamar o garçom e relatar o 'pequeno engano' tive que ouvir a pérola: "Puxa, isso sempre acontece. Sabe como é, né? Os rolinhos estão lá, todos iguaizinhos, e aí na hora de passar no açúcar o pessoal da cozinha acaba se enganando". Anotei na agenda e nunca mais voltei lá. Não quero correr novos riscos.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

:: Zorra Total

Começou o horário eleitoral gratuito. Diversão garantida.
Algumas impressões pessoais:

Eduardo Serra (PCB)
Apresenta suas propostas ao lado de sua vice, desaparecendo e reaparecendo com um efeito de transição de slides a la PowerPoint ao fim de cada três frases.

Eduardo Paes (PMDB)
Apresenta sua família-feliz e participa de uma reunião fake com dondocas pseudo-donas-de-casa fazendo perguntas suuuper espontâneas.

Crivella (PRB)
Nunca havia reparado na semelhança, mas a câmera fechada em seu rosto durante todo o tempo da propaganda tornou o insight inevitável. Já entendi: ele quer ser prefeito para que os cariocas dêem mais valor às suas vidas. Mas só aqueles que sobreviverem à sua gestão.


Molon (PT)
Tenta resgatar no fundo do poço o orgulho dos petistas convictos para garantir um numero mínimo de votos num município tradicionalmente de oposição.

Vinícius Cordeiro (PT do B)
Usei os 52 segundos de seu programa para ir ao banheiro. Eu estava apertado e ainda tinha muita palhaçada pela frente.

Filipe (PSC)
A criatura me aparece em um estúdio horrendo, forrado com bambu (?) e com alguns mapas pendurados aqui e ali. O choque foi tão grande que quando comecei a prestar atenção no que ele dizia o tempo já tinha acabado.

Solange Amaral (DEM)
Debocha do meu bom senso. Abusa da minha boa vontade. Aparece conversando com um grupo de mulheres usando um tom de tia de turma primária diante de um monte de retardados. “Gente, o Favela Bairro é reconhecido no mundo toooooodo. Nada me deixa mais feliz do que pegar aquela chavezinha e óóó (balançando uma chavezinha imaginária) entregar pra quem não tem casa”. Morra!

Paulo Ramos (PDT)
Fala meia dúzia de baboseiras enquanto Brizola, seu cabo eleitoral presunto, aparece em flashs fantasmagóricos.

Jandira (PCdoB)
Assume logo de cara a condição de médica, compara a cidade a um paciente doente e se vende como remédio.

Gabeira (PV)
Tenta se desvencilhar da pecha de homossexual com depoimentos das filhas e da esposa, para a surpresa de 5/4 do eleitorado carioca. Finaliza sua apresentação, em tom moderado e olhar de vovozinho legal, com um jingle irritante e hipnótico.

Chico (PSol)
Mais caricato que nunca, divide espaço na tela com animações em cores berrantes. Foi difícil prestar atenção em suas propostas.

Antonio Carlos (PCO)
Não gravou programa e durante seus 50 segundos nos presenteou com uma tela azul e um silêncio reparador. Acho que ganhou meu voto.

domingo, 17 de agosto de 2008

:: Sobre vitórias

Se Phelps fosse um país estaria na oitava posição do ranking de medalhas. Mais que admirável, é inquietante. Mas nao deve ser muita vantagem ser o Phelps. Imagino que deve ser maravilhoso conquistar uma medalha olímpica. Subir no lugar mais alto do pódio, ouvir o hino de seu país ser executado, ver todas as câmeras apontadas pra você, tudo isso deve ser muito bom. Massageia o ego, no mínimo. Mas e depois? E antes? O cara passa cinco horas por dia treinando na piscina. Outras tantas fazendo musculação e assistindo a gravações de seu desempenho em provas mundo afora. Ele come doze mil calorias por dia. E ainda assim não come sorvete, torta de limão nem bobó de camarão. Come, basicamente, macarrão, pão e ovo. Que merda. Será que ele já assitiu ao Batman? Ele vai ao cinema? E quando ele joga imagem & ação com os amigos? Ele tem amigos? Quando foi a última vez que ele passou o dia deitado na grama de um parque público lendo um bom livro? Ele lê livros? Sei lá, mas alguma coisa me diz que medalhas de ouro e recordes mundiais são as únicas coisas que ele tem. E isso faz com que eu me sinta mais vitorioso que ele.

domingo, 10 de agosto de 2008

:: Farmácias, cabides e lavanderias

Tem coisa que eu realmente não entendo. Farmácia, por exemplo. Tá certo que todo mundo, uma hora ou outra, precisa de um analgésico, de um relaxante muscular, de um complexo vitamínico ou até mesmo de um repositor da flora intestinal. Mas eu fico pasmo com a quantidade de farmácias pelas ruas. O que quero dizer é que ainda que este seja o tipo de comércio do qual todo mundo depende, parece-me que existem farmácias em excesso. Uma delas, em especial, me assombra. Estou falando da rede de farmácias Pacheco. Ontem li, numa faixa estendida no Boulevard 28 de Setembro: "+ 1 Pacheco". Mais uma! Já são, sei lá, cinco ou seis, em pouco mais de um quilômetro de avenida. Sabe, tem um cheirinho de lavagem de dinheiro...

Outra que deixa esse cheirinho no ar é uma loja no Shopping da Gávea. Ela podia vender roupas, sapatos, móveis, chocolates, computadores, artigos de decoração, mas não, ela vende cabides. Como os remédios, todo mundo precisa de cabides. Mas calcula aí: se essa loja vender uns 100 cabides por dia, são 3 mil cabides por mês. Custando, cada um, 10 reais, são 30 mil reais no fim do mês. Tire daí o custo da mercadoria, os impostos, o salário dos fucionários, a conta de telefone e o aluguel da loja. Sobra alguma coisa? E olha que estou falando de cabides que custam 10 paus e considerando que alguém compra cabides em qualquer lugar que não sejam as Americanas.

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Falando em farmácias, outro dia vi um busdoor no 170 (Gávea-Rodoviária) divulgando a Farmácia Apolo, em Copa. Repare que não são aS farmáciaS Apolo. É A Farmácia. Uma loja. Em Copa. Divulgada num busdoor que corta um número razoável de bairros na cidade. Fiquei me perguntando se eu é que sou burro ou o dono da farmácia realmente pensa que alguém na Gávea ou na Rodoviária vai cruzar a cidade até Copacabana pra comprar uma neolsaldina. Com tanta Pacheco por aí...

terça-feira, 5 de agosto de 2008

:: Retratação

Será que o cara dos passarinhos e dos flamboyants ficou ofendido?

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

:: Acabou a moleza

E aí que as férias acabaram... O negócio agora é focar o pensamento naquele papo de que só valorizamos as férias porque elas representam um contraponto aos períodos de árduo trabalho. Assim, embebido nesta filosofia e entoando "faltam apenas 5 meses para o fim do ano" como mantra, entrego-me ao estresse e à rotina.