sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

:: Perguntas

O que fazem as outras romenas, aquelas que não viraram ginastas?

Por que os motoristas invariavelmente freiam ao passar por controladores de velocidade, ainda que estejam abaixo do limite?

Por que é o último nome que segue adiante com nossos filhos?

Por que mesa de escola se chama carteira?

Se o que eu chamo de azul é azul pra mim porque alguém apontou e disse que aquilo era azul, será que o azul que eu vejo é o mesmo azul que todas as outras pessoas veem?

Se o que eu chamo de azul é azul pra mim porque alguém apontou e disse que aquilo era azul, por que diabos os daltônicos não chamam de azul qualquer que seja a cor que eles veem ao olharem para algo que eu vejo e chamo de azul?

Por que temos vergonha de que nos vejam de cueca se não nos importamos de usar sunga na praia?

Por que as tampinhas de alumínio dos iogurtes nunca abrem por inteiro?

Por que não colocam aquela fitinha vermelha abre-fácil nas embalagens dos cds e dvds?

Por que não colocam aquela fitinha vermelha abre-fácil nas tampinhas de alumínio?

Por que sempre sobra um salgadinho?

Por que gelo no mictório?

Por que uma reforma ortográfica se vai continuar sendo difícil entender a lógica de escrita de um português ou um moçambicano?

Por que o último capítulo de novela é sempre frustrante?

Por que eu gosto de alface se alface não tem gosto?

Por que queijo brie é sempre brie, gorgonzola é sempre gorgonzola, mas queijo minas tem mais branco, mais amarelinho, mais salgado, menos salgado, mais duro, mais cremoso, mais compacto, mais poroso...?

Por que o primeiro pedaço do grafite sempre quebra ao iniciar a escrita?

Por que azul ou preto para assinar documentos?

Quem decidiu que gravata é elegante e pochete é brega?

Os apresentadores do Jornal Hoje realmente acham natural aquele papinho descontraído entre os dois a fim de introduzir um assunto?

Alguém assiste a CNT?

Por quer o pior integrante da equipe do CQC é o líder do programa?

Por que o carnaval não dura duas semanas?

Por que o chopp do Bar do Adão sempre me dá dor de cabeça?

Por que tomate é fruta e beringela é legume?

Por que os ingleses não mandam a Rainha da Inglaterra trabalhar pra ganhar seu dinheiro?

Por que Friends acabou se fazia tanto sucesso?

Por que eu ainda assisto Lost se nada mais faz sentido pra mim?

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To be continued.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

:: Murphy e a Linha Vermelha

Poucas coisas conseguem alterar meu humor. O trânsito é uma delas. Nada é mais irritante que a sensação (real) de imobilidade que um engarrafamento proporciona. Na verdade a palavra irritante não é a mais adequada. Mais que irritado, me sinto submisso. Amarrado. É como se Murphy, aquele puto, estivesse sentado em cima do primeiro viaduto, sacudindo as perninhas, esfregando as mãos e dando uma risadinha enquanto pensa 'hi, hi, hi, se fudeu'.

Hoje acordei bem cedo pra ir com a Marina tirar o passaporte. Seguindo o conselho de um amigo, escolhemos o posto da Polícia Federal do Aeroporto Internacional. Menos fila, mais eficiência. Eram 7h30 quando eu avistei da Linha Vermelha o Hospital Universitário da UFRJ. Bastavam mais alguns metros e lá estaria a alça de acesso à Ilha do Governador. Um assunto do qual já não me lembro mais foi iniciado e por qualquer razão que não consigo compreender, me distraí e quando percebi já tinha perdido a saída, seguindo pela via expressa em direção à Duque de Caxias.

O filho da puta que projetou a Linha Vermelha deve ser pupilo do filho da puta que projetou a ponte Rio-Niterói. E ambos devem ser pupilos do Murphy, aquele puto. Perdeu a saída? Se fode aí porque o primeiro retorno fica a pelo menos 10 quilômetros.

Em Duque de Caxias (que felizmente eu conheço, pois caso contrário eu teria me perdido já que lá, como cá, não há placas que auxiliem pessoas perdidas), um imenso congestionamento me aguardava. Velocidade média: 10 m/min. Eu teria me matado se não tivesse tanta coisa boa pra fazer na vida. A Marina quase me matou, aliás. Não por eu ter sido um perfeito otário que alongou a viagem em quase uma hora, mas porque eu fico insuportável no trânsito. É o que dizem.

Enfim, tudo se resolveu. Semana que vem voltamos lá pra retirar o passaporte. Quando eu entrar na Linha Vermelha vou desligar o rádio e o celular. E está todo mundo proibido de puxar assunto.



sábado, 17 de janeiro de 2009

:: Semi-férias

Aí que eu tô de férias mas é como se eu semi-não estivesse. É legal acordar mais tarde, ainda que mais tarde pra mim seja às 7h30. É legal sentir calor e descer pra dar uma refrescada na piscina. É legal assistir a série que passa bem tarde sem ficar preocupado com as olheiras e a pouca disposição no dia seguinte porque, afinal, não há compromisso com trabalho no dia seguinte. Mas se eu pudesse, ah, se eu pudesse... Eu faria como o pessoal do 'Extreme MakeOver Home Edition', que sai de férias e quando volta a casa está prontinha. É um inferno viver provisoriamente dentro da sua própria casa porque hoje envernizaram o armário do quarto ou porque amanhã o teto do banheiro vai ser pintado. É terrível fazer faxina todos os dias e ver a poeira se reinstalando ao longo do dia sem a menor cerimônia. Mas tudo bem. Talvez tudo acabe a tempo de aproveitar uma semana de férias plenas. Talvez.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

:: Em Gaza

O Globo de hoje está daquele jeito! É claro que é preciso ouvir todas as opiniões. É da diferença que surgem avanços. Mas dá a sensação - e eu estou sendo bem elegante - de que o Jornal colocou uma opiniãozinha diferente lá só pra ninguém dizer que ele é parcial. É como diz um e-mail sem autoria que recebi da Cris dia desses: é curioso que apenas israelenses deem depoimentos sobre o conflito para as reportagens. Vai ver - e a ironia é do e-mail, não minha - é porque os israelenses falam inglês melhor que os Palestinos.

Caderno de Economia, Seção 'O Mundo'. Interessante isso. Pra que um caderno sobre Política Internacional? No final das contas, tudo se resume a interesses econômicos, né? Enfim... Depois de uma página inteira chamando a minha atenção para o fato de que a posse de Obama ocorrerá sem a presença de seu principal assessor na equipe de governo, fui lembrado pelo jornal de que lá longe, em Gaza, mais de mil Palestinos e uma dúzia de israelenses foram mortos em vinte dias de conflito. Aí, no final da página, um quadro coloca, lado a lado, dois artigos com óticas distintas em relação ao conflito.

Primeiro, o favorável a Israel, como de praxe. Carlos Alberto Montaner, jornalista cubano e ex-preso político, minimiza as incursões israelenses em Gaza, dizendo que o país não tem interesse em causar mortes, quer apenas atingir "uma gangue fanática que quer eliminar Israel do mapa". Para tal, avisa quando e onde vai atacar para que os civis possam evacuar o território.

Deixa eu ver se entendi: os civis Palestinos estão morrendo porque querem, afinal, foram avisados de que suas casas seriam destruídas pelo bom e zeloso exército israelense. É isso? Não fugiu, se fudeu. Assim? Ah, tá.

A segunda opinião, de Robert Fisk, jornalista do Independent - na verdade uma colagem de trechos extraídos de jornais de todos os cantos do planeta nesta última semana - é genialmente encabeçada pelo título 'A Geografia da Propaganda', que ele explica a seguir, logo na primeira linha: "tudo depende de onde se vive". Fisk rebate o argumento do embaixador israelense na Irlanda que questiona num jornal local 'o que você faria se Dublin fosse alvo de oito mil foguetes?' com outra questão: "o que você faria se ficasse sob ataque de aviões supersônicos, tanques e milhares de soldados?". Em seguida, ele se irrita com a justificativa de Kevin Myers: 'O número de mortos em Gaza é chocante, mas não se compara ao número de israelenses caso o Hamas seguisse seu curso'. Entendeu? Se o Hamas pudesse, faria o mesmo. Então, pode? Ataque preventivo? Eu já vi essa história.

No Segundo Caderno, Cora Rónai, que, como se vê, escreve sobre seus gatos e seus celulares porque banalidades não soam tão ridículas quanto qualquer outra coisa dita por ela, diz que a cobertura da mídia é parcial. Até aí, palmas para a coragem dela. O problema é que ela acha que a parcialidade em questão está do lado dos Palestinos. Como se Israel estivesse sendo injustamente caracterizado como um Estado nazista. Segundo ela, é mais cult defender os Palestinos e as pessoas o fazem para parecerem bacaninhas. Diz ainda que é injusto falar que um israelense morreu e estampar na capa do jornal a foto de uma criança Palestina morta, porque assim fica parecendo que a criança israelense é apenas um número e como a foto emociona muito mais, as pessoas tomam partido e crucificam Israel.

Eu preferia pegar o jornal na porta pela manhã e não ver a foto de uma criança Palestina morta se isso significasse que 12 Palestinos foram mortos, e não 1000. Mas, infelizmente, a capa traz a foto de uma criança Palestina. Porque 1000 Palestinos foram mortos, e não 12.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

:: Quanto?

Quantos Palestinos terão que morrer até que sejam tomadas medidas efetivas de repressão a Israel? Quantas cartas de repúdio terão que ser escritas até que desistam dos documentos de recomendação e passem a cortar relações comerciais e diplomáticas com aquele país? Quantos bombardeios aéreos terão que ocorrer até que deixem de tentar fazer-nos crer que a culpa para o conflito é dos mísseis disparados pelo Hamas? Quanto sangue árabe terá que ser derramado até que os judeus se envergonhem de manter seu Estado, justificado pelo derramamento de seu sangue durante a II Guerra, às custas de mais sangue? Que outro povo precisará perder sua soberania até que percebam que os ataques são uma afronta à soberania do povo palestino sobre Gaza? Quantos líderes precisarão levar sapatadas na cara até que os interesses econômicos não coloquem o direito à vida em segundo plano? Quantos?

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Ontem, um Ato Público reuniu centenas de pessoas na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro. Representantes de partidos de esquerda, integrantes de movimentos sociais, estudantes, todos estávamos lá movidos pela mesma motivação: tornar pública nossa inquietação diante de tantas atrocidades nas Faixas de Gaza. Na deles e nas nossas.

A mídia, pra variar, cumpriu seu papel: tratou de desinformar, omitindo ou distorcendo. Hoje, no maior jornal em circulação na cidade, a manifestação foi reduzida a uma nota e noticiada como um grupo de jovens que se reuniu para queimar a bandeira de Israel e para jogar sapatos na embaixada estadunidense. Isso ocorreu, de fato, mas exposto assim parece querer reproduzir o velho clichê de juventude revoltada ao invés de valorizar o simbolismo de tais ações.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

:: O ano passado

No melhor clima de retrospectiva, mas com o diferencial de fazê-la já em 2009, vamos ao balanço de 2008, o ano da nova crise do capitalismo.

Ganhei uma filha com pintas, patas e pêlos (vou demorar a aceitar as novas regras de ortografia). Comecei a pagar o casamento que só acontece em 2009. Defendi minha dissertação. Fiquei míope. Ganhei peso. Perdi peso. Deixei um emprego. Ganhei um novo emprego. Pedalei mais. Trabalhei mais. Ganhei mais. Poupei mais. Sambei mais. Comecei a sugerir chopp como programa. Contribuí para a perda de público dos cinemas e teatros (mas fui ao Festival do Rio). Contribuí para o crescimento da indústria editorial no país. Acumulei mais livros não-lidos na estante. Continuei tolerante mas encurtei o pavio. Dependi menos da agenda (mas ainda muito). Planejei menos os passos (mas ainda muito). Parei de roer unhas. Voltei a roê-las. Acompanhei uma série de TV e por causa dela decidi fazer terapia. Decidi fazer um curso de percurssão. Não comecei ainda: nem o curso, nem a terapia. Dediquei pouco tempo aos meus amigos. Estive mais próximo dela. Continuei apaixonado. Fiquei mais careca, mas é dos carecas que elas gostam mais. Comecei a usar finasterida, porque eu não gosto dos carecas. E quando 2008 parecia já ter terminado, mudei de residência: a terra de Noel é, agora, também meu lar. Não por muito tempo, mas por quanto tempo for necessário. Enquanto isso, serei o mais novo recém-casado da área. Convidarei a todos para o open house. E que venha 2009!

Torcendo pra marolinha não virar tsunami...