O Globo de hoje está daquele jeito! É claro que é preciso ouvir todas as opiniões. É da diferença que surgem avanços. Mas dá a sensação - e eu estou sendo bem elegante - de que o Jornal colocou uma opiniãozinha diferente lá só pra ninguém dizer que ele é parcial. É como diz um e-mail sem autoria que recebi da Cris dia desses: é curioso que apenas israelenses deem depoimentos sobre o conflito para as reportagens. Vai ver - e a ironia é do e-mail, não minha - é porque os israelenses falam inglês melhor que os Palestinos.
Caderno de Economia, Seção 'O Mundo'. Interessante isso. Pra que um caderno sobre Política Internacional? No final das contas, tudo se resume a interesses econômicos, né? Enfim... Depois de uma página inteira chamando a minha atenção para o fato de que a posse de Obama ocorrerá sem a presença de seu principal assessor na equipe de governo, fui lembrado pelo jornal de que lá longe, em Gaza, mais de mil Palestinos e uma dúzia de israelenses foram mortos em vinte dias de conflito. Aí, no final da página, um quadro coloca, lado a lado, dois artigos com óticas distintas em relação ao conflito.
Primeiro, o favorável a Israel, como de praxe. Carlos Alberto Montaner, jornalista cubano e ex-preso político, minimiza as incursões israelenses em Gaza, dizendo que o país não tem interesse em causar mortes, quer apenas atingir "uma gangue fanática que quer eliminar Israel do mapa". Para tal, avisa quando e onde vai atacar para que os civis possam evacuar o território.
Deixa eu ver se entendi: os civis Palestinos estão morrendo porque querem, afinal, foram avisados de que suas casas seriam destruídas pelo bom e zeloso exército israelense. É isso? Não fugiu, se fudeu. Assim? Ah, tá.
A segunda opinião, de Robert Fisk, jornalista do Independent - na verdade uma colagem de trechos extraídos de jornais de todos os cantos do planeta nesta última semana - é genialmente encabeçada pelo título 'A Geografia da Propaganda', que ele explica a seguir, logo na primeira linha: "tudo depende de onde se vive". Fisk rebate o argumento do embaixador israelense na Irlanda que questiona num jornal local 'o que você faria se Dublin fosse alvo de oito mil foguetes?' com outra questão: "o que você faria se ficasse sob ataque de aviões supersônicos, tanques e milhares de soldados?". Em seguida, ele se irrita com a justificativa de Kevin Myers: 'O número de mortos em Gaza é chocante, mas não se compara ao número de israelenses caso o Hamas seguisse seu curso'. Entendeu? Se o Hamas pudesse, faria o mesmo. Então, pode? Ataque preventivo? Eu já vi essa história.
No Segundo Caderno, Cora Rónai, que, como se vê, escreve sobre seus gatos e seus celulares porque banalidades não soam tão ridículas quanto qualquer outra coisa dita por ela, diz que a cobertura da mídia é parcial. Até aí, palmas para a coragem dela. O problema é que ela acha que a parcialidade em questão está do lado dos Palestinos. Como se Israel estivesse sendo injustamente caracterizado como um Estado nazista. Segundo ela, é mais cult defender os Palestinos e as pessoas o fazem para parecerem bacaninhas. Diz ainda que é injusto falar que um israelense morreu e estampar na capa do jornal a foto de uma criança Palestina morta, porque assim fica parecendo que a criança israelense é apenas um número e como a foto emociona muito mais, as pessoas tomam partido e crucificam Israel.
Eu preferia pegar o jornal na porta pela manhã e não ver a foto de uma criança Palestina morta se isso significasse que 12 Palestinos foram mortos, e não 1000. Mas, infelizmente, a capa traz a foto de uma criança Palestina. Porque 1000 Palestinos foram mortos, e não 12.
Caderno de Economia, Seção 'O Mundo'. Interessante isso. Pra que um caderno sobre Política Internacional? No final das contas, tudo se resume a interesses econômicos, né? Enfim... Depois de uma página inteira chamando a minha atenção para o fato de que a posse de Obama ocorrerá sem a presença de seu principal assessor na equipe de governo, fui lembrado pelo jornal de que lá longe, em Gaza, mais de mil Palestinos e uma dúzia de israelenses foram mortos em vinte dias de conflito. Aí, no final da página, um quadro coloca, lado a lado, dois artigos com óticas distintas em relação ao conflito.
Primeiro, o favorável a Israel, como de praxe. Carlos Alberto Montaner, jornalista cubano e ex-preso político, minimiza as incursões israelenses em Gaza, dizendo que o país não tem interesse em causar mortes, quer apenas atingir "uma gangue fanática que quer eliminar Israel do mapa". Para tal, avisa quando e onde vai atacar para que os civis possam evacuar o território.
Deixa eu ver se entendi: os civis Palestinos estão morrendo porque querem, afinal, foram avisados de que suas casas seriam destruídas pelo bom e zeloso exército israelense. É isso? Não fugiu, se fudeu. Assim? Ah, tá.
A segunda opinião, de Robert Fisk, jornalista do Independent - na verdade uma colagem de trechos extraídos de jornais de todos os cantos do planeta nesta última semana - é genialmente encabeçada pelo título 'A Geografia da Propaganda', que ele explica a seguir, logo na primeira linha: "tudo depende de onde se vive". Fisk rebate o argumento do embaixador israelense na Irlanda que questiona num jornal local 'o que você faria se Dublin fosse alvo de oito mil foguetes?' com outra questão: "o que você faria se ficasse sob ataque de aviões supersônicos, tanques e milhares de soldados?". Em seguida, ele se irrita com a justificativa de Kevin Myers: 'O número de mortos em Gaza é chocante, mas não se compara ao número de israelenses caso o Hamas seguisse seu curso'. Entendeu? Se o Hamas pudesse, faria o mesmo. Então, pode? Ataque preventivo? Eu já vi essa história.
No Segundo Caderno, Cora Rónai, que, como se vê, escreve sobre seus gatos e seus celulares porque banalidades não soam tão ridículas quanto qualquer outra coisa dita por ela, diz que a cobertura da mídia é parcial. Até aí, palmas para a coragem dela. O problema é que ela acha que a parcialidade em questão está do lado dos Palestinos. Como se Israel estivesse sendo injustamente caracterizado como um Estado nazista. Segundo ela, é mais cult defender os Palestinos e as pessoas o fazem para parecerem bacaninhas. Diz ainda que é injusto falar que um israelense morreu e estampar na capa do jornal a foto de uma criança Palestina morta, porque assim fica parecendo que a criança israelense é apenas um número e como a foto emociona muito mais, as pessoas tomam partido e crucificam Israel.
Eu preferia pegar o jornal na porta pela manhã e não ver a foto de uma criança Palestina morta se isso significasse que 12 Palestinos foram mortos, e não 1000. Mas, infelizmente, a capa traz a foto de uma criança Palestina. Porque 1000 Palestinos foram mortos, e não 12.
3 comentários:
como disse o Ivan Lessa, na BBC de Londres, "ainda temos 1 milhão 498 mil sobreviventes na Palestina". Do jeito que a coisa vai...
A cada dia que passa isso me revolta mais. Gostei muito de sua análise do jornal. Parabéns.
é Faber, a vida é assim... hahahahaha e que merda
Postar um comentário