Atualmente dou aula para públicos muito distintos. Tenho alunos de renda elevada, de classe média e de baixa renda. E este constraste de realidades eventualmente me coloca diante de situações interessantes.
Nos colégios onde predominam alunos de alta renda as listas de chamada são uma repetição sem fim de nomes simples, em outros tempos associados às populações mais pobres. São Antônios, Franciscos, Joãos, Joanas, Marias. Não há outro jeito: é preciso recorrer aos sobrenomes para diferenciá-los.
Quando cursei o Ensino Médio, tive um livro de biologia de autoria de Sérgio Linhares e Fernando Gewandsznajder. A gente chamava o Fernando de Fernando Sopa-de-Letrinhas. E aí às vezes dá vontade de chamar os alunos de Fulano-Sopa-de-Letrinhas. São nomes impronunciáveis. Mais consoantes que vogais. Dáblius, Ipisilones, Agás, Érres, muitos érres. Corro com os olhos em busca de um outro sobrenome qualquer, perdido ali no meio, entre o Fulano e a Sopa de Letrinhas e em alguns casos tenho sorte: um Albuquerque, um Ferraz, um Almeida. Ufa!
Em outro colégio, onde predominam alunos de baixa renda, não há nomes repetidos. A inventividade não permite. E o problema fica maior: a dificuldade encontrada para pronuniar sobrenomes é transferida para os nomes. Os dáblius, ipisilones e cia aparecem em profusão. É engraçado chegar aos Pedros e às Patrícias e ainda ter uma lista enorme de alunos a serem chamados. Wallison, Wandel, Wanderson, Weberson, Wellyngton, Wemerson, Weverson...
E aí eu fico tentando entender esse fenômeno...
Nos colégios onde predominam alunos de alta renda as listas de chamada são uma repetição sem fim de nomes simples, em outros tempos associados às populações mais pobres. São Antônios, Franciscos, Joãos, Joanas, Marias. Não há outro jeito: é preciso recorrer aos sobrenomes para diferenciá-los.
Quando cursei o Ensino Médio, tive um livro de biologia de autoria de Sérgio Linhares e Fernando Gewandsznajder. A gente chamava o Fernando de Fernando Sopa-de-Letrinhas. E aí às vezes dá vontade de chamar os alunos de Fulano-Sopa-de-Letrinhas. São nomes impronunciáveis. Mais consoantes que vogais. Dáblius, Ipisilones, Agás, Érres, muitos érres. Corro com os olhos em busca de um outro sobrenome qualquer, perdido ali no meio, entre o Fulano e a Sopa de Letrinhas e em alguns casos tenho sorte: um Albuquerque, um Ferraz, um Almeida. Ufa!
Em outro colégio, onde predominam alunos de baixa renda, não há nomes repetidos. A inventividade não permite. E o problema fica maior: a dificuldade encontrada para pronuniar sobrenomes é transferida para os nomes. Os dáblius, ipisilones e cia aparecem em profusão. É engraçado chegar aos Pedros e às Patrícias e ainda ter uma lista enorme de alunos a serem chamados. Wallison, Wandel, Wanderson, Weberson, Wellyngton, Wemerson, Weverson...
E aí eu fico tentando entender esse fenômeno...
Se nomes estrangeiros são (ou foram) sinal de sofisticação, fica parecendo que os mais pobres buscam nos nomes o luxo que não podem ter em suas vidas. Os mais ricos, por sua vez, parecem querer esconder, por trás dos nomes, todo o requinte dos sobrenomes pomposos, como se eles denunciassem sua riqueza. Freud explica?
4 comentários:
Ei, a gente também usa o livro de Biologia desse cara! xD
E eu nunca tinha reparado muito nisso dos nomes, ou pensado sobre isso. Como você falou: interessante o.o
é uma ideologia bem interessante, até. já que o dinheiro e o luxo nem sempre é possível de ter por opção, o nome já dá pra escolher direitinho. é como se fosse colocado "não posso te dar riqueza mas posso te dar um nome parecido". haha
e é engraçado como as letras excluídas do nosso alfabeto são sinônimo de "chique", né?
mas gostei do fernando sopa-de-letrinhas. vou usar! HAHA :D
beeijo, faber.
(é a nina, do scm; terceiro ano)
volta e meia venho aqui, é muito bom o/ :*
nossa, tinha feito aquele blog a séculos mas desisti do nome e troquei. ainda bem que voce lembrou pra eu apagar, era um blog sem nada mesmo. haha nao tem censura :D
beeijo :*
"Cegos em meio ao tiroteio"
Todo documento de identidade necessita de um nome.
Eis, mais uma contradição da vida!
Será mesmo que nosso nome nos identifica?
E pensar que tem gente que muda de nome ...
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